terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Parabéns a você – O exagero nas festas infantis


A tia faz o bolo. Os docinhos ficam por conta da avó. Os homens da casa se responsabilizam pelas bebidas, enquanto a dona da casa, pelos salgadinhos. Ah, sim, e as bolas? Bem, é só chamar a garotada e tudo fica pronto para a hora da festa. Som ligado, comida e bebida. Pronto: agora é só deixar a criançada se reunir e brincar à vontade.
Aniversário assim é coisa do passado, de álbum de família. Hoje, na maioria das grandes cidades brasileiras, festa infantil é sinônimo de espetáculo, com uma programação variada e extensa e que se adequa aos diferentes gostos e bolsos. Não é preciso se preocupar com nada. Há uma infinidade de empresas especializadas e prontas para oferecer a festa idealizada pelas crianças (e pelos pais também!).
À disposição da garotada um mundo de diversões, atividades e brinquedos (dos mais simples aos eletrônicos e computadorizados). Um mundo de sonho, no qual os personagens dos desenhos animados ganham vida – ao vivo e a cores – para espanto, admiração e alegria das crianças. Foi-se o tempo que os personagens se contentavam em aparecer apenas nos copos, pratos, guardanapos, chapéus ou no grande painel da mesa do bolo.
Promovidas em espaços criados e reservados única e exclusivamente para celebrar aniversários, as festas se transformaram numa grande mega produção.
Dependendo do que é acertado com os animadores, são quatro ou cinco horas de entretenimento ininterrupto. Na pauta do dia: teatrinho, karaokê, mágico, palhaço, book eletrônico, tatuagem, cabeleleiro infantil, balé, quizz, gincana, danças…
Isso sem esquecer, é claro, dos flashes e das câmeras das filmadoras e dos celulares, atentos a cada reação das crianças. Tudo perfeitamente registrado e documentado em áudio e imagem, que logo se transforma num DVD, distribuído para os familiares e amigos.
“Acho que as festas perderam a ludicidade de antigamente. Parece que hoje tudo ficou padronizado e robotizado. Não há mais a diversão pela diversão entre as próprias crianças, o que caracterizava os aniversários de anos atrás”, reflete Vinícius Messias Ramos, consultor de novos negócios do Portal Festas (www.portalfestas.com.br), especializado em festas infantis.
Alessandra Sauberman, mãe de David e Leonardo - 2 e 6 anos, respectivamente -, faz coro e diz que as festas de hoje não possuem mais criatividade, só atividade. “Nos aniversários de 3 a 6 anos, as crianças participam de uma programação extensa, uma atrás da outra. A idéia parece que é exaurir os convidados e não apenas entretê-los”, afirma.
Em artigo publicado na Revista Veja (23/02/2005), a escritora Lya Luft disse que festa infantil deve ser um tormento constante para as crianças. “Recreacionistas podem ser um alívio quando os pequenos formam um mar de mini-tsunamis incontroláveis. Mas me fica a idéia de que ninguém mais sabe brincar ao natural. Música dirigida, brincadeiras dirigidas…”
No artigo Festa infantil como instrumento de comunicação e socialização, apresentado no XXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Cássia Guerreiro Grava afirma que a contratação de animadores acontece devido a alguns fatores, como falta de tempo ou criatividade do contratante, modismo e desejo de auto-afirmação econômica e social.
Ainda de acordo com Cássia, o que mais importa para as crianças, na verdade, é o tema da festa, os brinquedos, os balões e a presença dos seus amigos preferidos. “Os detalhes da festa são atrativos para os adultos, no sentido em que mostram aos convidados seu poder social e econômico”.
Outras possibilidades
Os pais deveriam se perguntar para que servem essas megafestas. A quem interessa? Qual é o sentido? A orientação é da psicóloga e psicanalista Maria Elisabeth Capistrano do Amaral.
Segundo Elisabeth, nestas festas não há espaço para trocas entre as crianças. “São festas narcisistas ou como dizem hoje em dia, festas de celebridades, nas quais a rainha ou o rei é o aniversariante e os convidados, a platéia”, analisa.
Para a psicóloga, tudo o que é pronto não tem criação, não tem portanto sujeito. “As crianças são objetos. Isso torna esses momentos efêmeros e momentâneos”, afirma.
Na opinião de Elisabeth, reunir e comemorar o aniversário das crianças na praia ou no Jardim Botânico são alternativas muito bem-vindas neste cenário padronizado. “Acredito que a celebração da vida pode e deve ser mais criativa”, aposta.
O bolso é o limite
Uma festa infantil nos moldes do século XXI pode sair por R$ 1500. “Mas é a média. Já soube de festas infantis que alcançaram a casa dos R$ 50 mil”, avisa Vinícius Messias Ramos, consultor de novos negócios do Portal Festas, especializado em festas infantis.
O limite é o bolso. Tudo pode ser feito e produzido para transformar o sonho da criança (e dos pais) em realidade. Se a festa é sobre animais ou circo, por que não trazer animais de verdade? Na entrada, por exemplo, dando as boas-vindas, o elefante. No meio da festa, cobras e macacos ou então pôneis. Não acredita? “Sim, isso acontece. A imaginação e o bolso permitem tudo”, afirma Vinícius.
Das páginas das histórias em quadrinhos ou da tela da televisão, ao vivo e a cores, os personagens aparecem de corpo e alma. Cantam, dançam e brincam. Não há limite.

9 comentários:

  1. Verdade isso. Aqui em BSB os pais gostam de montar festas exclusivas e caras, também para exibir o poder econômico. Costumo perguntar para o meu filho o que ele deseja e ele apenas pede o tema, esse ano quer o scobidoo... faço com simplicidade e a diversão é garantida. Mas vou há muitas dessas festas, geralmente o aniversariante dorme no meio da festa, ou o meu filho cansado dá piti, e vou embora. Beijos.

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  2. Oiiii! concordo..justamente por isso dei um basta...e mes passado no niver do Enzo fiz festa em casa..eu mesma fiz a decoração com minha mãe..a minha avó fez o bolo,minha mãe fez e enrolou brigadeiros..e quer saber??? sem brincadeira foi o melhor ainversario que ele ja teve!!! uma delicia em todos os sentidos..com gostinho de casa de vó..e ele adorou contar p todo mundo que a festa ia ser na casa dele mesmo!!! ele achou o maximo!!! com tempo a gente aprende que sempre MENOS É MAIS! sempre!!
    beijos,otima semana!!
    ;-)

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  3. Sempre achei essas festas muito "coisa pra aparecer", mais para os pais se mostrarem do que para as crianças se divertirem. Todas essas atividades servem para manter as crianças ocupadas enquanto os pais conversam e se divertem sem a "chateação" de ter que cuidar dos filhos. Duvido muito que uma criança de 2 anos decida ter uma festa assim, e mesmo uma maior, com 6 ou 7, só irá querer algo do tipo se lhe for dada essa opção. Eu, como nunca tive poder econômico para tal, sempre fiz o bolo dos meus filhos em festinhas pra família e alguns poucos amiguinhos (amigos mesmo), eles sempre souberam que esse era o nosso limite. Minha filha vai fazer 15 anos daqui há alguns dias, tem ido a inúmeras mega-festas das suas colegas de classe, mas sabe que a dela será em casa, como de costume. Ganhará presentes melhores, pois não tendo que gastar com produção para os outros verem, poderemos dar a ela um presente melhor e que seja mais aproveitado do que uma festa que será apenas um momento, que vai passar. É claro que uma festa bacana, fica na memória como boas lembranças, mas é só o que fica: boas lembranças e um dívida enorme.
    As festinhas feitas em casa, com o bolo feito pela mamãe, os docinhos pela tia e os salgadinhos pela vovó, são simples, mas é onde os pequenos se divertem mais, sem o "compromisso" de manterem a roupa arrumada pros convidados, sem ter que brincar com aquela brincadeira proposta naquele momento e sim com o brinquedo novo que acabou de ganhar, ou com a caixa dele, que é o que mais diverte as crianças...

    Abraços

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  4. Concordo tb! faço questão de fazer cada pedacinho das fetinhas dos meus pequenos.. sãosimples mas com muito sentimento!
    Bjs
    www.antonellaesuaboneca.blogspot.com

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  5. Nos 2 aniversários da Mi preparei quase tudo.
    Foi em casa, e acredito que isso torne tudo mais familiar e agradável.
    Assim fica tudo do nosso jeito e os pequenos ficam mais a vontade para brincar e aproveitar.
    Mas dá trabalho, e requer algum tempo.
    A verdade é que amei preparar os detalhes, é uma terapia.
    bju no coração

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  6. É verdade. Hoje em dia a festa é para os pais. Para mostrarem o que podem pagar.
    Beijos

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  7. Menina fiz 2 festas pro João e deixei td por conta do bufet, mas fica caro, o bom é poder só chegar na hora da festa e nção ter dor de cabeça, neste ano vou fazer a moda antiga mesmo, vou alugar um espaço, encomendar um bolo, salgados, comprar refri e seja o que Deus quiser, com certeza o bolso agradecerá!!kkkk .Bjs

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  8. Há tempos não passava aqui, Pedro está um fofo, quantas novidades.
    Quanto a festa, esse ano reinventei, voltei as antigas... postarei fotos na semana que vem.
    Como estou longe e a festa será em São Paulo na casa da minha mãe, cada um se encarregou de algo. Acho que ficará bem divertida.
    Beijo e um bom final de semana para vocês.

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  9. Ola!!
    Não é a primeira vez que passo aqui e agora estou te linkando! E, geinteim, o Pedro é muito lindo demais!
    Ha tempos não lia algo tão condizente com tudo o que acho sobre mega fesas infantis. Escrevi algo la no meu blog, ha quase um ano atras, quando a minha filha etava prestes a completar um aninho. Me custa entender o porquê de tantos gastos PARA a criança, sendo que ela precisa de um bolinho, da familha reunida, dos seus amiguinhos. Seria mais facil, os pais falarem que a festa é para eles. Ahhhh, ai sim tem mais sentido.
    Beijos pra vcss!

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